sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Transição

Olá amores, hoje venho falar de um assunto muito sério.  Aparência.  Nossa sociedade sempre deu uma importância desnecessária à aparência. O que eu aparento é realmente o que sou? Creio que não. Minha breve experiência com o que chamamos beleza começou bem cedo, nunca me achei bonita, nunca mesmo. Sempre fui magra, cheia de espinhas, e com o “cabelo ruim”. Muito novinha comecei a brigar com a balança, inútil... Eu não engordo. Posso comer o quanto quiser e não engordo nada. O meu rosto sofreu com os meus péssimos hábitos alimentares, era horrível, dominado por uma enorme quantidade de espinhas. E o cabelo? Nossaaaaa... Sempre achei cabelo cacheado a coisa mais linda do mundo! Tinha amigas na escola que ostentavam cachos simplesmente divinos, já os meus cachinhos que não recebiam os cuidados devidos, ficavam sempre escondidos, amarrados. Lembro-me de uma vez que os soltei, estava feliz, meu cabelo com bastante volume, estava amando meus cachos... Até que me olham e falam: “Prende esse cabelo, esta parecendo uma bruxa”... Ouvir isso no auge dos meus 14 anos não foi fácil. Prendi e não soltei mais. Depois disso, o que mais desejei foi uma pranchinha, coisa que na época custava bem caro e pra minha situação financeira era impossível ter. Bem... Poderia passar horas aqui relatando coisas horríveis que já ouvi sobre meus cabelos. Essas memórias machucaram meu coração e marcaram minha vida negativamente. Ver hoje pessoas se aceitando, amando-se como são, demonstrando aos pequenos que ter cachos não é feio, muito pelo contrário, faz meu coração saltar de felicidade e preencher-se de paz  sabendo que essas meninas que assim como eu, tem seus cachinhos e  não sofrerão por não corresponderem o que a sociedade denomina de “bonito”. Aos 17 comecei a passar alisantes, dos mais variados tipos e marcas. Exalavam mau cheiro, baniam meus cachos e me afastavam de mim mesma. Fui escrava por longos 10 anos. Trabalha a semana toda em dois expedientes (manhã e tarde), no sábado resolvia alguma coisa, e no domingo a cada 2 meses eu passava o dia no salão. Chegava umas  7:30 ou 8:00 e só saia 12 horas depois. Na época me parecia a única alternativa, o único meio de me sentir bonita. Me sentir “aceita”. Até que parei, pensei e refleti... Questionei-me o que estava a fazer, então percebi que estava “sendo” escrachadamente enganada e forçada a fazer algo que “disfarçava” o meu verdadeiro EU. 09 de fevereiro de 2014, o último dia que alisei o cabelo. Estou em transição (retirada da parte lisa para o surgimento de lindos cachos), período muito difícil na vida de uma mulher. Até a data de hoje (19 de dezembro de 2014) venho cuidando mais dos meus bebelos para que retorne toda sua originalidade, retocando-o com devidos produtos e executando pequenos cortes (retirada), para isso eu aprendi a cortar o cabelo sozinha. Hoje resolvi ser um pouco mais “radical” e não fazer apenas um pequeno corte, retirei toda a parte lisa do meu cabelo de uma vez, agora espero o retorno total dos meus lindos cachinhos!

Bieijinhos!

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